Colonialidade, masculinidade necropolítica e violência feminicida: o caso da Guerra contra Huachicol no Vale do Mezquital, Hidalgo
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Resumo
Como resultado da pandemia covid-19, há um aumento significativo na taxa de femicídios e desaparecimentos de mulheres no Vale do Mezquital (estado de Hidalgo). A contingência sanitária em curso, a chamada Guerra contra Huachicol e o problema socioambiental dessa região -uma das mais poluídas do mundo- dão conta do contexto colonial que enquadra essa política de morte (Mbembe, 2006). Assim, neste artigo voltamos à abordagem do Sistema de Gênero Moderno/Colonial de María Lugones (2008) para explicar a configuração de uma masculinidade necropolítica (Valencia, 2010) a partir da figura do huachicolero, a quem é conferido o direito soberano para matar súditos e ter a natureza sob seu controle. Resultado: a violência feminicida como efeito direto dos imaginários coloniais de gênero em que as mulheres se diferenciam, das categorias de gênero e raça, como parte da natureza, logo, apropriável, explorável e danificável devido a uma pedagogia da crueldade (Segato, 2014a)